quinta-feira, 14 de maio de 2009

A SIBILA, de Agustina Bessa Luís


A Sibila, romance de 1954, recebido com entusiasmo pela crítica, torna-se o ponto de partida para uma vasta obra voltada simultaneamente para as vertentes do nacionalismo e regionalismo português. Em A Sibila, a autora une o passado e o presente, colocando as dúvidas, as angústias e os problemas mais substanciais das personagens que vivem num espaço agrícola tipicamente regional.
No plano da intriga, trata-se da reconstrução da trajectória da família Teixeira e da sua casa secular que caminha da decadência/ruína ao ressurgimento grandioso/triunfal.
Neste romance denota-se a força feminina, o poder matriarcal, a gestão de mulheres fortes e destemidas, capazes de lutar até às últimas consequências para reaver o seu património.
O romance abrange três gerações de Mulheres. Começa com Maria da Encarnação ainda menina, seu crescimento, o casamento e a vinda dos filhos (quatro), o envelhecimento e a morte. Continua com Joaquina Augusta, a Quina: seu nascimento, crescimento, seus conflitos, sua juventude, amadurecimento, envelhecimento e morte. Finalmente, Germa, filha de Abel, que se vê crescendo, depois de ter iniciado já adulta o romance. Uma intelectual, solteira e independente. Assim inicia o parágrafo final do romance: "Eis Germa, eis a sua vez agora e o tempo de traduzir a voz da sua sibila." A ela, herdeira da Casa da Vessada, cumpre manter e dirigir a fazenda, preservar os costumes. Num sentido proustiano, pode-se dizer que é um romance a respeito do tempo e da memória, que precisa ser resgatada.

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