Que fazer quando se tem 13 anos, se pediu um i-pod pelo Natal e se recebe um diário? Aqui se relata - pelas palavras da própria - um ano da vida de Inês Tavares, com as suas melhores amigas (e dois amigos, porque os rapazes fazem sempre jeito para levar às festas...) e as suas grandes paixões: o chocolate e o Brad Pitt. Para além da paz no mundo, evidentemente.
Num estilo a que, desde o memorável Rosa, minha irmã Rosa (1979), Alice Vieira nos tem habituado, esta narrativa juvenil coloca, uma vez mais, em primeiro plano a voz e a vida interior de uma adolescente de 13 anos. Uma percepção singular do real, encarado ora com leveza, ora com seriedade, ora com humor, as vivências escolares e a família, com os seus membros “especiais à sua medida”, alimentam esta narrativa, que evidencia uma configuração autobiográfica e é composta a partir dos modelos ficcionais do diário (como, aliás, faz prever o divertido segmento subtitular “Diário de quem só quer a paz no mundo e o Brad Pitt”). As referências a elementos que caracterizam o nosso tempo (por exemplo, o “Simplex”) e que dominam o mundo dos adolescentes (por exemplo, a influência das séries televisivas) multiplicam-se e reforçam quer a componente humorística do discurso, decorrente, por vezes, de um certo tom caricatural, quer uma perspicaz crítica social.
in Casa da Leitura
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