segunda-feira, 23 de maio de 2011

Snu e a vida privada com Sá Carneiro, de Cândida Pinto

Quem nos diz que as paixões imensas e as histórias de amor avassaladoras são um produto exclusivo da ficção cor-de-rosa ou das produções hollywoodianas bem embrulhadas em fogo-de-artifício sensual, banda sonora xaroposa e cenários de sol, palmeiras e mares translúcidos talvez não conheça muito da Humanidade.
O último livro de Cândida Pinto prova-nos que a vida é bem mais surpreendente e rica do que a imaginação ficcional, quando nos revela o extraordinário encontro de Snu Abecassis e Francisco Sá Carneiro, duas figuras públicas que viveram um amor "fora da lei" num Portugal pouco dado à transgressão de costumes.
Vale a pena ler e perceber quão assombrosos e imprevisíveis são alguns encontros...
S.N.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Pequena Abelha, de Chris Cleave

Aclamado pela crítica e pelo público, Pequena Abelha, pareceu-me logo nas primeiras páginas um daqueles livros destinados a transformar-se em filme. O ritmo narrativo, a qualidade das descrições, a estranheza das personagens e a originalidade da história são um convite irrecusável, em primeiro lugar, à leitura para desvendarmos o final misterioso e, em segundo lugar, àquela imaginação galopante que nos faz escolher banda sonora, cenário, actores e realizador para o filme que gostaríamos de ver num cinema perto de nós.
Quem me recomendou o livro, disse-me "o final é surpreendente e muito especial", e, de facto, a história de dois destinos que se cruzam e obrigam a uma escolha terrível (com todas as consequências que as decisões difíceis sempre trazem) prendeu-me e levou-me a acreditar que o desfecho seria extraordinário. No entanto, para meu espanto, o final foi decepcionante como aqueles embrulhos deslumbrantes que, depois de abrimos, revelam apenas uma caixa de papelão, sem cor, sem vida. Porém, vale a pena a leitura se conseguirmos fazer o exercício seguinte: parar na página 250, respirar fundo e criar o nosso próprio final.
S.N.

Rosa Brava, de José Manuel Saraiva

Para quem entende que a História é, muitas vezes, a melhor das matérias que a imaginação romanesca pode "manipular", o romance histórico oferece um festim de leitura e um autêntico deleite. Em Rosa Brava descobrimos o Portugal do século XIV, os seus conflitos internos, as guerras com Castela, as intrigas da corte, as traições e os assassínios. No centro do romance está Leonor Teles, figura controversa e mal-amada, talvez pela sua irreverência, destemor e sensualidade, qualidades pouco usuais numa mulher do Portugal de trezentos. O talento descritivo do autor faz-nos viajar no tempo e passear pelos corredores do poder como observadores privilegiados.
S.N.