quinta-feira, 28 de maio de 2009

O Menino e o Cavalo, de Rupert Isaacson


Rupert Isaacson tinha sonhado o melhor para o filho, imaginava as brincadeiras, as conversas, os passeios… Depois de Rowan nascer, porém, começou a perceber que o seu sonho nunca se iria realizar. O menino não falava, não reagia, refugiava-se no seu mundo, fechado numa concha invisível. Era autista.O Menino e o Cavalo é a história real, extraordinária, de um pai que vai até aos confins do mundo para curar o filho. É a aventura de uma família única, que arrisca tudo, movida por uma fé inabalável. E que, nas distantes estepes da Mongólia, consegue finalmente o milagre de abrir a concha, e entrar no mundo misterioso de Rowan.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A LUA DE JOANA, de MARIA TERESA MAIA GONZALEZ




Ao lermos a A Lua de Joana não podemos deixar de pensar na forma como, muitas vezes, relegamos para segundo plano aquilo que é realmente importante na vida. Porque este livro nos alerta para a importância de estarmos atentos a nós e ao outro, e de sermos capazes de, em conjunto, percorrer um caminho que conduza a uma vida plena.

Pe. Vitor Feytor Pinto



Este livro pode ser considerado uma espécie de diário (apesar de não o ser) porque Joana escreve cartas para uma amiga que já morreu. Conta-lhe todos os acontecimentos do seu dia-a-dia. É interessante ver o desenrolar da vida desta personagem, como ela se transforma ao longo dos dias e dos anos.Apesar de tudo, este livro mostra-nos a realidade dos dias de hoje: o grande flagelo que a droga é para todos - para a família, para os amigos e para a própria pessoa que comete esse erro. Joana é também uma excelente aluna, reconhecida por todos e acarinhada pelos professores e amigos, mas a sua melhor amiga já não faz parte da escola, já não faz parte, da turma, nem partilha a sua mesa nas salas de aula.
No decorrer desta história Joana tenta agir com normalidade apoiando-se sempre na sua avó, sendo esta a sua única conselheira. Este livro age também como alerta aos pais desatentos. Os pais de Joana sentiam nela uma pessoa adulta responsável, logo pensavam que não tinham que se preocupar com ela. Também não eram propriamente presentes, o seu pai é um médico prestigiado, passa a vida fora em reuniões, visitas ao domicilio e raramente está presente , já a sua mãe é dona de um pronto-a-vestir, preocupadíssima com o seu outro filho, irmão de Joana, cuja relação era um tanto ou quanto critica.

Uma história bem real.

domingo, 17 de maio de 2009

O MONTE DOS VENDAVAIS, de Emily Brontë


Esta obra escrita em 1848 é um clássico da literatura universal. Uma história de amor, paixão, vingança e ódio que se desenrola num local ermo, isolado da civilização, e no qual desfila um reduzido número de personagens. É assombrosa a forma como, pegando em tão pouca gente e colocando-a a viver num local tão isolado, Emily Brontë conseguiu fazer um retrato tão perturbantemente fiel da alma humana.

É um livro intemporal, que manter-se-á actual por muito tempo, talvez enquanto existir humanidade, pois ali encontramos todos os sentimentos e emoções humanas, incluindo o mal. De qualquer forma, desengane-se aquele que vem em busca de ódio e maldade puras. Aqui também há amor, os maus também sabem amar. E também há pessoas boas. Não há é pessoas livres de maldade, como também não as há no mundo real.
Conta-se aqui a história de um menino adoptado – Heathcliff – e das injustiças de que foi vítima. Conta-se depois como este menino cresceu e como executou a sua vingança. Há ainda a história de Catherine, a única verdadeira amiga da infância de Heathcliff, e da sua filha, com o mesmo nome. Contam-se as histórias das duas famílias: a do Monte dos Vendavais e a da Herdade dos Tordos. Conta-se, apesar de tudo, uma história de amor.


Um livro que nos prende da primeira à última página.


Este livro foi adaptado para cinema por Peter Kosminski e conta com as fantásticas interpretações de Juliette Binoche e Ralph Fiennes.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A SIBILA, de Agustina Bessa Luís


A Sibila, romance de 1954, recebido com entusiasmo pela crítica, torna-se o ponto de partida para uma vasta obra voltada simultaneamente para as vertentes do nacionalismo e regionalismo português. Em A Sibila, a autora une o passado e o presente, colocando as dúvidas, as angústias e os problemas mais substanciais das personagens que vivem num espaço agrícola tipicamente regional.
No plano da intriga, trata-se da reconstrução da trajectória da família Teixeira e da sua casa secular que caminha da decadência/ruína ao ressurgimento grandioso/triunfal.
Neste romance denota-se a força feminina, o poder matriarcal, a gestão de mulheres fortes e destemidas, capazes de lutar até às últimas consequências para reaver o seu património.
O romance abrange três gerações de Mulheres. Começa com Maria da Encarnação ainda menina, seu crescimento, o casamento e a vinda dos filhos (quatro), o envelhecimento e a morte. Continua com Joaquina Augusta, a Quina: seu nascimento, crescimento, seus conflitos, sua juventude, amadurecimento, envelhecimento e morte. Finalmente, Germa, filha de Abel, que se vê crescendo, depois de ter iniciado já adulta o romance. Uma intelectual, solteira e independente. Assim inicia o parágrafo final do romance: "Eis Germa, eis a sua vez agora e o tempo de traduzir a voz da sua sibila." A ela, herdeira da Casa da Vessada, cumpre manter e dirigir a fazenda, preservar os costumes. Num sentido proustiano, pode-se dizer que é um romance a respeito do tempo e da memória, que precisa ser resgatada.

domingo, 10 de maio de 2009

VALE ABRAÃO, um livro de Agustina Bessa Luís



Ema vivia no Romesal, em criança. Depois de casar, mudou-se para Vale Abraão. E frequentemente visitava o Vesúvio. Estes são três lugares fundamentais deste romance de Agustina, todos eles situados na região do Douro, algures entre Lamego e a Régua, na margem Sul do rio. Esta margem é estupendamente retratada logo no início da obra.O Romesal, centrando a parte inicial do livro, é uma casa de lavrador vinhateiro, que tem a particularidade de possuir uma varanda voltada para a estrada. A fatalidade associada a esta varanda é uma antecipação do que será a evolução da história e da personagem.

Vale Abraão, a casa de casada de Ema, é uma casa também de lavoura vinhateira, embora mais abastada e testemunho de várias gerações. Da sua janela no Romesal, Ema via Vale Abraão, mas a realidade vista de perto é bem menos interessante do que aquela prometida pela miragem. Já o Vesúvio, casa senhorial junto ao Douro, onde Ema se refugiava da sua vida monótona em Vale Abraão.

No Vesúvio Ema encarnava na Bovarinha. Esta propriedade é apresentada no final do segundo capítulo, e situava-se numa escarpa tenebrosa na margem do rio. Ema apreciava passear-se solitária pelo cais junto à margem do rio, denotando uma certa dose de loucura, premonitória do final dramático da história.

Existe um quarto lugar que importa mencionar, a Casa das Jacas. Este é o lugar em que se dá o ponto de viragem da história, em que Ema se apercebe que há outro mundo, diferente daquele que ela conhecera até então e mais esplendoroso. A Casa das Jacas é também esplendorosa.

Outros locais são referidos ao longo da acção. Um deles é a cidade de Lamego, por nela ter lugar um dos momentos incontornáveis da história, logo no primeiro capítulo. Tendo este facto em conta, poderá ser uma boa ideia sentarmo-nos num dos bancos do jardim da praça central de Lamego, ou numa das suas esplanadas – quem sabe se não teria sido naquela mesma que tudo se passou? - para calmamente ler este capítulo.Mas ao longo do romance assistimos à decadência física e moral de Ema, e das diferentes casas. A prosperidade e nobreza passadas da região, que no início da história ainda se adivinham, são gradualmente substituídas pela degradação e abandono, surgindo referências às recentes casas de emigrantes.

Este é um livro que, de resto, se deve ler com calma, no sossego, num remansoso sossego. Assim, um sítio de eleição poderá ser o alpendre, a sala de estar ou a reentrância da janela de uma das muitas casas de turismo rural da região. É interessante visitar a Quinta do Vesúvio, pois existe realmente e produz vinho. A própria obra faz referência à proprietária original, a que chama a Senhora, e que corresponde a D. Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha, grande senhora do Douro do século XIX, que aqui gostava de receber visitas.

Vale Abraão conta a história de Ema, personagem de Flaubert, transferida da Normandia do século XIX para o Douro do século XX. Foi escrito com o objectivo de servir de guião para o filme com o mesmo nome realizado por Manoel de Oliveira em 1993.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

ANO AGUSTINA


FANNY OWEN, de Agustina Bessa Luís


Fanny Owen é uma história verídica passada em 1850 entre José Augusto Pinto de Magalhães ( proprietário da quinta do Loureiro, poeta, rapaz triste e desinteressado da vida), Fanny Owen (filha do coronel Owen, auxiliar e conselheiro militar de D. Pedro aquando das lutas liberais) e o próprio Camilo Castelo Branco, com apenas vinte e três anos e , portanto, ainda longe do romancista famoso que viria a ser mais tarde.
Camilo Castelo Branco encontra-se com Fanny (Francisca Owen Pinto de Magalhães, 1830-1854), visitando-a e escrevendo-lhe umas famosas cartas, que mais tarde servirão para destruir a relação de Fanny com o futuro marido José Augusto Pinto de Magalhães. Estes morrerão de "amor", pela tragédia do triângulo de que Camilo faz parte.Agustina Bessa Luís relata magistralmente estes trágicos amores no seu romance Fanny Owen.

Esta obra foi adaptada para o cinema por Manoel de Oliveira sob o título de Francisca.